MERCADO DA SEGURANÇA
Novas
Estratégias Precisam-se!...
Introdução
O
sistema actual de contratação dos serviços de segurança privada está a promover
a descaracterização e a degradação dos níveis de serviço de segurança.
O
modelo de negócio da segurança privada está completamente desactualizado e desajustado
às reais necessidades do mercado, em termos de segurança.
Desenvolver
uma solução de segurança somente em torno da vigilância humana é muito dispendioso e ineficaz, quer em
termos de prevenção, quer em termos de capacidade de resposta.
Enquanto
as empresas prestadoras de serviços de segurança competem quase exclusivamente
por preço e procuram elas próprias reduzir custos, o mercado procura serviços
cada vez mais especializados e ajustados às exclusivas necessidades de cada
sector de actividade em geral e de cada empresa desse sector em particular.
Compreender o actual paradoxo entre a
oferta e a procura
- Como
é que se podem oferecer serviços especializados a preços de serviços generalistas?
- Como
é que se pode incluir na oferta níveis de especialização sem investir num plano
estratégico técnico / comercial e de formação interna?
- Se o
preço é quase o factor exclusivo de escolha, como é que o cliente pode querer comprar
soluções de segurança, desenvolvidas à sua medida sem ter de pagar por isso?
Para
se compreender este paradoxo entre a oferta e a procura dos atuais serviços de
segurança privada, é preciso avaliar até quanto um cliente está disposto a
pagar pela ilusão de estar seguro…
- Quando
um cliente contrata um segurança para a entrada de um edifício de escritórios,
unidade fabril ou condomínio, qual será a sua expectativa do retorno do
investimento que está a fazer?
- Qual
será a expectativa do cliente relativamente à reacção do vigilante a uma
tentativa de assalto?
- Será
que o cliente sabe qual é a margem de manobra de intervenção que a lei permite
a um vigilante, em caso de exposição ao risco?
- Será
que o cliente está consciente das consequências se um vigilante tentar intervir
numa situação de assalto ou ato de vandalismo?
- Será
que o cliente avaliou minimamente a eficácia do serviço de segurança privada
que está a contratar?
O
incómodo e o desconforto que as respostas a estas questões pode criar é
directamente proporcional à ilusão de se estar a “comprar segurança” quando se
contrata um serviço de segurança privada…
Mudança do
paradigma
- Mas
então haverá alguma solução para se conseguir minimizar os níveis de insegurança implícitos na contratação de serviços que se
suponham serem especializados e ajustados às expectativas do cliente?
A
questão tem de partir da forma como se opera a segurança, dentro do espaço das soluções integradas de segurança.
Do ponto de vista operacional, o principal
objetivo de uma solução integrada de segurança é conseguir, por um lado: a deteção imediata (meios técnicos) de
qualquer situação de risco que ponha em causa a normal atividade da empresa e,
por outro: implementar uma capacidade
efectiva de intervir (meios humanos)
e eliminar esse risco, afectando o menos possível, a actividade da empresa.
Para
apoio à decisão, os órgãos decisores da empresa precisam de ter na sua posse,
os dados necessários e suficientes para avaliar
a sua exposição ao risco, e por conseguinte, aferir qual a solução integrada que melhor se adequa
ao seu caso concreto.
As
soluções integradas de segurança devem ser estruturadas do ponto de vista da empresa (cliente) e não do ponto de vista da
empresa de segurança que se propõe prestar os serviços. O objetivo é reduzir e
controlar os principais riscos detectados, sustentados por um nível de prestação de serviços capaz de
efectuar a detecção precoce de eventos com risco potencial (detecção electrónica) e,
caso se confirme a intenção criminosa, de uma efectiva capacidade de interrupção dessas ocorrências (operativa de reacção
por parte da empresa de prestação de serviços de vigilância humana).
Ou
seja, a solução passa por se conseguir processar uma mudança do paradigma do lado da oferta e da procura no mercado da
segurança privada em Portugal e em muitos países onde estes serviços são vistos
e geridos como meras “commodities” em vez de serviços de valor acrescentado
numa óptica de gestão de recursos (pessoas, bens e serviços).
O desenvolvimento
profissional dos serviços de segurança privada será o principal factor de
redução de perdas nas empresas onde operarem.
Esse
desenvolvimento passa por tornar os serviços especializados de segurança comercializáveis
através da sua fusão com meios electrónicos e operados como ferramentas de
gestão dos recursos do próprio cliente.
A
relação sinergética e simbiótica entre os serviços e os meios eletrónicos
significa uma nova maneira de “pensar a
segurança”.
Nesta
nova perspetiva, deixa de fazer sentido contratar vigilantes e comprar alarmes
e câmaras, passando a fazer sentido projetar soluções integradas de segurança
em função de uma avaliação de exposição ao risco de determinada empresa,
inserida num determinado cenário de actividade e em função das “ferramentas de
gestão" disponibilizadas para o controlo de determinado nível de risco, contratar
determinados níveis de serviço de segurança, garantindo determinadas
capacidades eficazes de detecção, dissuasão e interrupção.
Só
assim se consegue minimizar o risco de falha
humana e fazer o contrato de prestação de serviços depender de um nível de serviço pré-acordado com a
empresa.
Se
estes pressupostos passarem a ser tidos em linha de conta pelos órgãos decisores
das estruturas empresariais, é de prever que a forma e o objecto dos cadernos
de encargos de segurança electrónica e vigilância humana, sejam drasticamente
alterados num futuro próximo, passando a basear-se em políticas de segurança e
a apresentar verdadeiras soluções
integradas (equipamentos + serviços de recepção e tratamento de alarmes), à medida das reais necessidades de segurança de cada organização.
É precisamente no compromisso entre o custo real dos equipamentos
e serviços de segurança contratados e o custo potencial da insegurança, que se poderá justificar o
retorno dos investimentos feitos por uma empresa em segurança.
Alexandre Chamusca
Partner XKi
Security Management Consulting